A chave para desvendar o mistério acabou sendo localizada no Lago Chichancanab, na península de Iucatã. Para o relatório, os pesquisadores examinaram isótopos de oxigênio e hidrogênio nos sedimentos do lago, que estava perto o suficiente do coração da civilização maia para fornecer uma amostra precisa do clima.
Para o relatório, Nicholas Evans, um estudante de pesquisa da Universidade de Cambridge e coautor do artigo, mediu a composição isotópica da água encontrada nos sedimentos do lago para quantificar exatamente o quanto as taxas de precipitação caíram durante o fim da civilização maia.
Segundo o Washington Post, analisar os núcleos de sedimentos é uma prática comum para descobrir informações sobre o passado. Os cientistas são capazes de inspecionar a terra, camada por camada, e registrar as informações encontradas no solo para construir um cronograma preciso das condições passadas.
Depois de examinar as amostras de sedimentos, Evans, junto com sua equipe de pesquisadores, concluiu que os níveis anuais de precipitação caíram de 41% a 54% na área ao redor do lago por vários longos períodos durante cerca de 400 anos, segundo o site IFLScience.
O relatório também revelou que a umidade na área caiu de 2% a 7%. Esses dois fatores combinados tiveram um efeito devastador na produção agrícola da civilização.
Essas condições de seca ocorreram com frequência ao longo de centenas de anos. Com isso, a civilização não deve ter sido capaz de acumular reservas de alimentos suficientes para compensar a queda na produção agrícola, levando ao seu desaparecimento.
Embora este artigo amarre algumas pontas soltas em torno do povo maia, algumas grandes questões ainda não foram respondidas, como o que precisamente trouxe essa seca maciça e prolongada?
Um estudo anterior mostrou que o desmatamento dos maias poder ter contribuído para as condições de seca, diminuindo a umidade da área e desestabilizando o solo.
Evans disse que a seca também poder ter sido causada por mudanças na circulação atmosférica e um declínio na frequência de ciclones tropicais.
Matthew Lachinet, professor de geociências da Universidade de Nevada em Las Vegas, que não esteve envolvido no estudo, disse ao Washington Post que este estudo é impactante porque oferece insights sobre como os humanos podem mudar o clima ao seu redor.
“Os seres humanos estão afetando o clima”, disse Lachinet. “Estamos deixando-o mais quente e está previsto que se torne mais seco na América Central. Podemos acabar com um duplo surto de seca. Se coincidir a seca de causas naturais com a seca de causas humanas, então foi amplificada a força dessa seca”.
Apesar dessas novas descobertas, ainda há muito a aprender sobre o colapso da civilização maia.